Ela Viajou para Dentro Dele: Capítulo 17 – Neve no Horizonte

O quarto ainda estava com cheiro de vela apagada e lençol amarrotado.
O sol atravessava as frestas da cortina como dedos curiosos.

Luna, montada sobre o quadril de Heitor, desenhava pequenos círculos no peito dele com a ponta do dedo.

— Tá me provocando ou me hipnotizando? — ele perguntou, com um sorriso preguiçoso.

— Tô te explorando. De novo.

— Vai catalogar as marcas que deixou?

— Não. Tô procurando um lugar novo pra marcar.

Ele ergueu as mãos, segurou os quadris dela.

— Você é obcecada por deixar sua assinatura em mim.

— Eu gosto de ver o que é meu.

— E você? Vai deixar eu assinar alguma parte sua hoje?

— Só se for com mordida.

— Aceito.

Ela se inclinou, os seios roçando o peito dele, a boca colada no ouvido.

— E se eu dissesse que quero dessa vez com você no meio da neve?

Ele riu, surpreso.

— Na neve?

— É. Bem ali, onde o mundo é branco e gelado, e só a gente está queimando por dentro.

— Parece uma metáfora…

— É um sonho.
E um detalhe:
nunca vi a neve.

Heitor a olhou como se descobrisse uma nova camada dela.

— Nunca?

Ela se sentou, cruzando as pernas ainda em cima dele, livre, sem o menor pudor.

— Nunca. Nem floco, nem frio de verdade. No máximo ar-condicionado com gota de gelo em copo de plástico.

Ele passou a mão pela coxa dela.

— Então a gente precisa mudar isso.

— Promete?

— Prometo que vou te levar pra onde o chão seja branco e você tenha que me aquecer com o corpo.

— E se eu jogar uma bola de neve na sua cara?

— Então eu te derrubo no chão e faço amor com você até a neve derreter.

Luna riu, mordeu o lábio e depois desceu do colo dele com a leveza de quem sabia exatamente o que estava fazendo.

— Quero te ver tentando com -10 graus.

— Quero te ver tentando me resistir com -10 graus.

Na cozinha, mais tarde, enquanto ela comia um pão com geleia sem nem se importar com a blusa transparente que usava, Heitor pesquisava no celular.

— Chile. Julho. Neve garantida.

Ela se aproximou, ainda com o dedo melado de geleia, e tocou o queixo dele.

— Vai me levar pra fora do país?

— Vou te levar pra fora de tudo que você já viveu.

— Isso é uma promessa?

— Isso é um aviso.

Ela se sentou no colo dele e lambeu o próprio dedo, deixando um restinho de geleia nos lábios.

— Você quer me ver tremendo de frio ou gemendo de calor?

— Os dois ao mesmo tempo.

Ela beijou o pescoço dele e sussurrou:

— Já tô vendo… a gente alugando um chalézinho com lareira, o mundo todo congelado lá fora, e você me virando de bruços sobre a pele de um tapete…

— E você dizendo “vai devagar, tá frio”, enquanto meu corpo te aquece por dentro.

— E a janela aberta.

— E a neve caindo.

Silêncio.

Um silêncio carregado de planos e pulsação.

Naquela noite, deitados no sofá com os pés enfiados sob a manta e o notebook no colo, começaram a escolher lugares.

— Quero um hotel com banheira — ela disse.
— E lareira.

— E espelhos no teto?

Ela deu um sorriso indecente.

— Talvez. Só pra eu ver o quanto você perde o controle comigo.

Heitor mordeu o queixo dela de leve.

— A gente vai precisar de roupas térmicas…

— E lubrificante, que o frio resseca tudo.

— Você não tem limites?

— Só temperatura.
Abaixo de 5 graus, você faz tudo por mim.
Acima de 37 graus, eu faço tudo por você.

Antes de dormir, ela se deitou em cima dele de novo.
Cheia de preguiça. Cheia de calor.

— A gente tá mesmo virando um casal normal?

— Não.
Estamos virando um casal anormal…
Com passaporte.

Ela riu e murmurou:

— Quero ver você pelado na neve.

— E eu quero ver você gritando meu nome enquanto lá fora congela.

Ela o beijou, e ele puxou o lençol.

A Alexa, ali no canto, sussurrou em seu modo noturno:

Temperatura prevista para Chile: mínima de dois graus…

Luna olhou pra cima, os olhos quase brilhando:

— Dois graus… e meu corpo queimando por dentro.

Ele a virou na cama com facilidade, os joelhos entre as pernas dela.

— Então se prepara.

— Por quê?

— Porque antes de ver a neve lá fora… você vai derreter aqui dentro.

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