Ela Viajou para Dentro Dele: Capítulo 36 – De Volta Pra Casa

O avião pousou em solo brasileiro no fim da tarde, quando o céu já começava a ser pintado por tons alaranjados e o calor morno parecia dar boas-vindas a quem chegava.

Luna olhava pela janela, os olhos tranquilos, como quem finalmente retornava para o lugar certo.

Ao lado, Heitor a observava em silêncio.
Havia algo diferente entre eles. Uma suavidade que não existia antes da viagem. Os ruídos das brigas haviam se dissipado, deixando apenas uma conexão que não precisava mais gritar para ser sentida.

Pegaram as malas sem pressa, caminharam juntos até o carro que os aguardava. O motorista era discreto e quase invisível, deixando espaço para que os dois pudessem respirar no próprio ritmo.

No trajeto para casa, Luna encostou a cabeça no ombro de Heitor.
Ele passou a mão devagar nos cabelos dela, um gesto automático, mas carregado de afeto.

— Você está feliz em voltar? — ele perguntou, a voz baixa, como se não quisesse assustar o momento.

— Eu estou. Nova York foi intensa, foi mágica, mas… eu estava com saudade da nossa casa. Das nossas paredes, do nosso cheiro. Eu estava com saudade de você… na sua versão sem controle.

Heitor sorriu, um pouco envergonhado.

— Eu sei que exagerei. Eu só…
Não quero te perder.

— Você não me perde quando me dá liberdade, Heitor.
Você me perde quando tenta me trancar.

Ele respirou fundo, como quem estava finalmente aceitando o que já sabia.

— Eu aprendi. Eu juro.

Ela olhou para ele com carinho.

— Vamos fazer assim: sem prometer nada impossível. Vamos só… viver um dia por vez.

— Eu gosto disso.

Chegaram em casa e Luna sentiu um calor familiar ao atravessar a porta.
O cheiro de café misturado com o leve perfume das madeiras da casa parecia abraçá-la.

A Alexa acendeu a luz azul assim que eles entraram, mas dessa vez, Luna sorriu em vez de se incomodar.

— Ainda de olho em mim, hein? — brincou.

Heitor a olhou de lado.

— Pode desligar, se quiser.

— Não.
Agora que estamos bem, pode continuar acesa. Me faz sentir… acompanhada.

Heitor deixou as malas no canto da sala e foi até ela.

— Sabe… — ele começou, com um tom de voz mais baixo — acho que essa foi a viagem mais intensa da minha vida. Não só pelos lugares, mas por tudo o que a gente viveu. A gente brigou, se acertou, se estranhou, se escolheu de novo… Eu não trocaria isso por nada.

Luna se aproximou e colocou as mãos no peito dele, sentindo as batidas calmas.

— Eu também não.
Foi a nossa viagem. Do nosso jeito.

— Mas sabe o que eu mais quero agora?

— O quê?

— Ficar em casa. Só com você. Sem pressa.
Sem horário de check-in, sem voo, sem gente por perto.
Só você.
Na nossa cama.
No nosso ritmo.

Ela sentiu um calor subir pela pele e respondeu, mordendo levemente o lábio.

— Eu também estava com saudade da nossa cama.

— E eu estava com saudade de você nela.

Ele passou os dedos pela cintura dela, puxando-a devagar, como quem queria sentir cada centímetro de proximidade. O toque era firme, mas agora carregava mais desejo do que controle. Era vontade genuína, não posse.

Luna fechou os olhos por um instante e se permitiu relaxar nos braços dele.

— Vamos ficar aqui… só nós dois?

— Só nós dois.
Até quando você quiser.
Sem pressa.

— E você promete?

— Eu prometo… sem promessa impossível. Só vivendo.

Ela riu baixinho e o beijou, um beijo que começou suave, mas logo se acendeu com a saudade acumulada.
O beijo se aprofundou enquanto as malas ainda estavam largadas na porta e o mundo, lá fora, parecia não importar.

Caminharam juntos até o quarto, as mãos se procurando, os corpos se reconhecendo.
Não havia pressa.
Não havia urgência.
Havia a certeza de que aquele era o lugar deles.

E ali, no calor do lar reencontrado, entre risos e toques, Luna e Heitor começaram a escrever um novo capítulo.
Um capítulo onde o amor precisava mais de espaço do que de cadeados.

Onde a paixão não pedia permissão — apenas presença.

E dessa vez, ambos estavam exatamente onde queriam estar.

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