Ela Viajou para Dentro Dele: Capítulo 44 – Lua de Mel: Entre Luzes e Neve

A Alemanha os recebeu com frio e ruas iluminadas por milhares de pequenas lâmpadas douradas. Era como se o mundo inteiro estivesse preparado para eles.

Era a lua de mel que Luna sempre sonhou.
E Heitor, como sempre, havia cuidado de tudo para que fosse perfeito.

Desde o transfer particular que os esperava no aeroporto até o hotel charmoso com vista para os telhados nevados — cada detalhe estava alinhado com o que Luna amava: o Natal.

E para Heitor, ver Luna feliz era tudo o que importava.

— Está feliz? — ele perguntou assim que entraram no quarto, enquanto ela corria para abrir a varanda.

— Eu estou vivendo um filme, Heitor. Um filme com cheiro de pão de mel.

— Eu só quero que você viva o seu melhor Natal, todos os dias.

Ela se virou, com os olhos brilhando.

— E você? É feliz?

— Eu sou feliz quando te vejo assim.

E, durante os dias seguintes, Heitor realmente a viu assim.

Virou rotina caminharem por mercados natalinos lotados de barracas coloridas, enfeitadas com pinheiros, guirlandas e luzes cintilantes. Luna se encantava com cada detalhe: as canecas de Glühwein (que ela adorou), os enfeites de madeira esculpidos à mão, os bonecos de neve feitos de doces e os tradicionais Lebkuchen — os pães de mel que rapidamente se tornaram seus favoritos.

E claro, teve o temido Eggnog.

— Luna, você precisa tentar. Lua de mel, novas experiências, lembra? — Heitor provocava, estendendo uma caneca.

— Eu já sei que não gosto, Heitor.

— Tenta por mim.

Ela bebeu um gole e fez a pior careta da viagem.

— Você é impossível. Isso é intragável.

— Eu só queria ter certeza que você não ia mudar de ideia — ele riu, guardando mais uma foto mental daquele momento.

Eles experimentaram juntos o Schmalzkuchen — pequenos bolinhos doces polvilhados com açúcar, os Stollen — pães doces recheados com frutas secas e nozes, o Glühwein quente que esquentava as mãos e a alma, e até o Fischbrötchen — o temido sanduíche de peixe que Luna quase cuspiu no chão.

— Eu te amo, mas isso não. Nunca mais. — Luna declarou.

— Fechado. Considero esse nosso primeiro acordo como casal.

Os dias se misturaram entre manhãs geladas e noites cheias de luzes.
Eles visitaram castelos, se perderam em feiras de rua, compraram lembrancinhas de Natal que nem caberiam na mala e colecionaram histórias que, para eles, já eram eternas.

Luna estava leve.
Heitor estava entregue.
E os dois pareciam ter encontrado um ritmo novo, mais livre, mais cúmplice.

Mesmo assim, vez ou outra, o velho ciúme de Heitor surgia.

Quando um atendente sorriu demais para Luna enquanto servia chocolate quente, ele se aproximou e sussurrou no ouvido dela:

— Você sabe que sou seu, né?

— Eu sei. E você sabe que eu sou sua, não sabe?

— Sei. Mas eu gosto de garantir.

Ela deu um pequeno beliscão no braço dele.

— Você pode relaxar. Ninguém vai me levar daqui.

— Eu confio. Mas ainda gosto de estar por perto.

— Está tudo bem. Eu também gosto quando você está perto. Desde que você me deixe comprar mais gingerbread.

— Gingerbread liberado.

No penúltimo dia, durante um passeio noturno por um mercado iluminado, Heitor a surpreendeu.

— Vem cá, tenho uma coisa para te mostrar.

Ele a levou até uma roda-gigante decorada com luzes de Natal.
Subiram juntos, e quando a cabine parou no ponto mais alto, Luna olhou para a cidade abaixo, as luzes, o frio cortante no rosto… e a mão quente de Heitor segurando a sua.

— Você sabe… — ele começou, com um leve sorriso. — Quando te trouxe para aquela casa a primeira vez, eu queria te prender. Eu achava que você era minha.

— E eu achei que queria fugir.

— E agora?

— Agora… eu escolho ficar. E não porque você me prende, mas porque você me deixa livre.

— Eu te amo, Luna.

— Eu também, Heitor.

Eles ficaram em silêncio, observando as luzes lá embaixo, o mundo girando devagar, como se os esperasse.

Quando desceram da roda-gigante, Luna olhou para ele e disse:

— Você sabe… um dia nós dois vamos sumir.

— Eu sei. Mas até lá, vamos viver tudo. Todos os mercados de Natal, todas as viagens, todas as manhãs e todas as noites. Com você. Sempre com você.

Ela sorriu, puxando-o pela mão.

— Vamos. Ainda quero comprar mais biscoitos e… você me deve um chocolate quente decente.

Eles caminharam juntos, rindo, com os olhos brilhando.
O frio os fazia se manter grudados, os beijos esquentavam a pele, e o toque era tão natural quanto respirar.

Agora eles eram… eles.

Sem correntes.
Sem promessas quebradas.
Sem fugas.
Sem prisões.

Apenas… escolhas.

E eles tinham escolhido um ao outro.

A lua de mel foi o fechamento de um ciclo, o início de uma nova fase.

E enquanto Heitor observava Luna correndo entre as barracas, ele sabia que queria viver o resto da vida daquele jeito:
Seguindo, acompanhando, cuidando.
E sendo escolhido. Todos os dias.

O retorno para o Brasil seria no dia seguinte, mas no coração deles… a viagem ainda estava só começando.

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