Ela Viajou para Dentro Dele: Capítulo 43 – O Grande Dia

O dia amanheceu calmo, com o céu levemente nublado, a temperatura agradável e um vento que parecia soprar só para aliviar o calor do nervosismo.

Era o dia do casamento.

Luna acordou primeiro, ouvindo o som da casa quase suspensa no tempo. Heitor ainda dormia, respirando fundo, abraçado a um travesseiro como se fosse ela.

Ela ficou ali, apenas observando-o por alguns minutos.

Ele parecia… vulnerável.

Mesmo depois de tudo — depois dos medos, das fugas, dos controles e reconquistas — Heitor ainda carregava uma insegurança que, de certa forma, Luna achava bonita.
Era um tipo de medo que, longe de afastá-la, a fazia querer ficar mais.

Ele abriu os olhos lentamente, percebendo o olhar dela.

— Bom dia, minha quase esposa.

— Bom dia, meu quase marido.

— Dormiu bem?

— Mais ou menos. Estava pensando em como você deve estar surtando por dentro.

Ele sorriu, sem disfarçar.

— É… estou um pouco.

— Só um pouco?

— Estou completamente apavorado.

— Não deveria. Está tudo perfeito.

— Está porque você está comigo.

Luna se aproximou e beijou sua testa.

— Vai dar tudo certo.

A manhã passou rápido, entre arrumações e confirmações com fornecedores. Os dois decidiram se arrumar em cômodos separados, mas não dormiriam em lugares diferentes — nem pensar.
Eles queriam manter a tradição de se verem prontos só na cerimônia, mas sem abrir mão de estarem próximos até o último segundo.

Enquanto Luna se maquiava, Heitor revisava os votos.

Ele nunca foi bom com palavras escritas. Mas naquele dia, tudo parecia transbordar.

As mãos tremiam.

O coração batia forte.

E, mesmo com toda a preparação, Heitor se sentia como alguém que estava prestes a saltar no desconhecido.

Quando chegou a hora de ir para o local da cerimônia, o carro estava pronto. Heitor foi primeiro, acompanhado dos amigos mais próximos. Luna chegou logo depois, com um vestido leve, delicado, com pequenos detalhes bordados que pareciam flocos de neve.

Ela havia pedido um toque de Natal, e ele fez questão de atender.

O salão estava decorado com luzes mornas, árvores discretas, velas de canela, biscoitos de gengibre nas mesas e um cheiro suave de chocolate quente no ar.

Heitor a viu entrar e, por um instante, sentiu o mundo parar.

Ela caminhava sem pressa, o olhar firme, a boca desenhando um leve sorriso.

Ali estava a mulher que ele tentou prender.
A mulher que ele quase perdeu.
A mulher que, contra todas as probabilidades, escolheu ficar.

Quando se aproximou, ela sussurrou:

— Você está me olhando como se não acreditasse que eu vim.

— Eu não acredito mesmo. Você é mais do que eu pedi.

— Você ainda tem medo que eu fuja?

— Sempre vou ter. Mas agora sei que, mesmo que você possa ir, você quer ficar.

— Eu quero.

Eles se deram as mãos, e o celebrante começou as palavras.

Heitor respirou fundo e decidiu falar de coração.

— Eu te amei do meu jeito errado.
Eu tentei te prender, te controlar, te proteger…
Mas você me ensinou que amor não é sobre ter, é sobre dividir.
Eu ainda sou um ciumento exagerado, um pouco obsessivo, mas estou aprendendo a te dar espaço, porque entendi que é no espaço que você floresce.
Eu quero ser o seu lar.
Eu quero ser o seu Natal. Todos os dias.
E se um dia você decidir partir, ainda assim, eu te amarei.
Mas eu espero…
Espero que você continue escolhendo ficar.

Luna, com os olhos marejados, respondeu:

— Eu te amei com medo, Heitor.
Te amei achando que te odiava.
Te amei querendo fugir.
Mas a verdade é que, quando você me deu a chave, quando você me deu a escolha… eu percebi que meu lugar é aqui.
Com você.
No seu mundo.
Nos seus exageros.
Eu quero ser o seu refúgio.
E, como eu te disse um dia… um dia nós dois vamos sumir.
Mas até lá… quero viver tudo com você.

O “sim” foi natural.

Não havia dúvida, nem hesitação.

Quando os beijos aconteceram, eles não eram apressados. Eram intensos, cheios de memórias, cheios de significado.

A cerimônia havia sido intensa, íntima, carregada de promessas e emoção. Mas agora era hora da celebração — e Luna estava decidida a viver cada minuto.

O salão estava impecável.
As luzes amareladas criavam um clima aconchegante, as mesas decoradas com pinhas, ramos de alecrim e pequenas velas davam um ar de Natal, como Luna sempre sonhou.
Os convidados já se espalhavam, conversando animados, experimentando as comidinhas natalinas e brindando à felicidade dos noivos.

Heitor e Luna foram recebidos com uma salva de palmas quando entraram na festa, de mãos dadas, sorrisos largos e olhos brilhando.
Era como se o tempo tivesse conspirado para que aquele dia fosse mesmo perfeito.

— Olha só, o casal do ano — disse um dos amigos de Heitor, puxando-o para um rápido abraço.

Luna foi cercada pelas amigas, que a arrastaram para a pista de dança enquanto os garçons ofereciam champanhe e pequenas taças de Eggnog.

— Não posso recusar no dia do meu casamento — Luna brincou, segurando a taça, mas logo após o primeiro gole fez careta.

— Continua odiando, né? — Heitor sussurrou atrás dela.

— Você me conhece — ela respondeu, rindo.

Os convidados se espalhavam entre mesas e pista de dança, criando um clima de festa verdadeira, com abraços, danças desajeitadas, encontros de família e até algumas brincadeiras de amigos que arrancavam gargalhadas dos dois.

A festa seguiu com um clima leve, divertido, com os amigos mais próximos,.

Heitor, durante toda a noite, ficou ao lado dela, com aquele olhar que misturava admiração, desejo e um leve receio — como se ainda fosse difícil acreditar que ela estava ali.

Mas Luna, sempre que percebia, puxava sua mão, tocava seu rosto ou sussurrava que estava ali. Que não iria a lugar nenhum.

No final da noite, já exaustos, deitados na cama, ela brincou:

— E agora, Sr. Marido?

— Agora? Agora eu quero planejar a nossa lua de mel.
Alemanha, lembra?

— Frio. Chocolate quente. Mercados de Natal.

— Tudo que você ama.

— Tudo que nós amamos.

Ele a abraçou, sem pressa.

— Eu te amo, Luna.

— Eu também te amo, Heitor.

E naquele momento, com todas as luzes apagadas e os ecos da festa ainda pairando no ar, eles entenderam de verdade:

Eles finalmente estavam no mesmo passo.
No mesmo compasso.
No mesmo futuro.

E, desta vez, não havia trancas.
Não havia fugas.
Havia apenas… escolha.

E a escolha era um ao outro.

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