O Primeiro Halloween de Heitor e Luna: Capítulo 1 – O Convite

O mês de outubro chegou com um vento frio e uma atmosfera diferente.
Era como se a cidade estivesse ansiosa por algo que ninguém falava em voz alta, mas todos sentiam.

As vitrines começaram a se encher de abóboras, teias falsas e esqueletos sorridentes.

E Luna? Ela adorava o Halloween.

— Eu quero uma festa — ela disse, jogando revistas de decoração sobre a mesa. — Uma festa de verdade, Heitor. Com tudo: máscaras, luzes, músicas sombrias e comidas estranhas.

— Você quer que eu te ajude a organizar? — ele perguntou, curioso.

— Não. Quero que você participe. Quero que você se divirta comigo.
Heitor arqueou uma sobrancelha, meio desconfiado.

— Eu me divirto com você todos os dias.

— Mas no Halloween, você vai se divertir à minha maneira — ela sorriu, quase desafiando.
Naquela noite, Luna começou os preparativos como se fosse sua missão de vida.

Listas, convites personalizados, decorações temáticas, luzes laranja e roxas, e claro, a regra mais importante: seria uma festa de máscaras.

Ninguém poderia entrar sem estar disfarçado.

— É pra ter um pouco de mistério, Heitor. Quero dançar com você sem saber que é você. Quero me perder e te encontrar de novo — disse ela, empolgada.

Ele fingiu não entender, mas no fundo adorou a ideia.

Enquanto Luna corria atrás dos detalhes, Heitor cuidava da segurança da casa.

A Alexa foi reprogramada para criar efeitos sonoros durante a festa: portas rangendo, passos no corredor, sussurros repentinos.

As luzes foram configuradas para piscar e mudar de intensidade, criando um clima perfeito.

E, discretamente, Heitor contratou um serviço especial: atores que circulariam entre os convidados, deixando a sensação de que a casa estava realmente… viva.

— Você vai me assustar? — Luna provocou enquanto pendurava teias falsas no teto.

— Eu? Nunca. Eu só quero garantir que você se sinta… completamente envolvida.

Ela riu, mas uma pequena centelha de dúvida se acendeu dentro dela.

Conhecia Heitor o bastante para saber que, se ele quisesse, a festa poderia ir muito além das brincadeiras comuns.

Conforme o dia se aproximava, Luna percebeu que os convites começaram a circular entre pessoas que ela não havia convidado diretamente.

— Quem te chamou? — perguntou a um conhecido que respondeu, sem cerimônias:

— Recebi um e-mail anônimo. Estava curioso.
Ela confrontou Heitor.

— Você está abrindo a festa para estranhos?

— Eu só achei que seria interessante termos algumas presenças inesperadas — disse ele, com um sorriso indecifrável. — É Halloween, Luna. Você não quer um pouco de suspense?

— Eu quero um pouco de controle.

— Você pode controlar tudo… menos o inesperado.

Luna fingiu aceitar, mas no fundo ficou alerta.

Dias depois, enquanto organizava os últimos enfeites, Luna encontrou um envelope preto entre as caixas de decoração.

Não havia remetente.

Dentro, apenas uma frase escrita com caligrafia elegante:

Nem toda máscara esconde. Algumas revelam.”

Ela sorriu, achando que era mais uma das surpresas de Heitor.

Mas a Alexa acendeu, sem que ninguém tivesse falado nada.

Uma voz sussurrou, soando mais humana do que artificial:
— Você está pronta para ver o que há por trás das máscaras?

Luna olhou ao redor, tentando entender de onde vinha o som.

— Heitor? Foi você?

Silêncio.

Ele não estava por perto.

Talvez fosse só parte da programação da casa.

Talvez.

A festa estava marcada.

Os convites foram entregues.

As surpresas estavam a caminho.

E Luna, mesmo ansiosa, sentia que havia algo naquele Halloween que ela ainda não havia previsto.

Mas era tarde demais para voltar atrás.
Ela escolheu o vestido.

Separou sua máscara favorita.

E com um sorriso, disse a si mesma:
— Eu adoro o Halloween.

Ela só não imaginava o que o Halloween adorava nela.

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