O Primeiro Halloween de Heitor e Luna: Cápitulo 2 - A Festa Começa

A noite caiu como um manto pesado sobre a cidade.

As ruas, normalmente silenciosas, estavam agora tomadas por pessoas disfarçadas, sorrisos de plástico e máscaras de todos os tipos.

Era Halloween. E a festa de Luna e Heitor prometia ser inesquecível.

A casa estava completamente transformada.
Luzes roxas e laranjas projetavam sombras dançantes nas paredes.

Música sombria preenchia o ar, intercalada por sussurros e passos ecoados pelas caixas de som escondidas.

As mesas estavam repletas de doces temáticos, drinks coloridos, pequenos bolos em forma de fantasmas e um imenso caldeirão com ponche vermelho.

— Acha que eles vão se assustar? — Luna perguntou, ajustando a máscara veneziana dourada sobre o rosto.

— Espero que sim — Heitor respondeu, vestindo uma capa preta e uma máscara prateada. — Eu programei a Alexa para liberar efeitos especiais conforme a movimentação da casa. Portas vão se abrir sozinhas, risadas vão ecoar nos cômodos, as luzes vão piscar. Vai parecer que a casa tem vida própria.

— E aqueles atores que você contratou? Eles já chegaram?

— Já estão espalhados entre os convidados. Ninguém vai saber quem é real e quem faz parte do jogo.

Luna riu, satisfeita.

Mas no fundo, aquela sensação estranha ainda a acompanhava.

O bilhete anônimo, a voz na Alexa.

Heitor jurou que não foi ele.

Os primeiros convidados começaram a chegar.

Máscaras elaboradas, vestidos sofisticados, trajes excêntricos.

Havia algo mágico — e ao mesmo tempo inquietante — em estar cercada de rostos que não podiam ser lidos.

— Bem-vindos — Luna dizia, cumprimentando cada um, tentando reconhecer vozes, posturas, algo familiar.

Mas era quase impossível.

Todos estavam cuidadosamente escondidos atrás de suas máscaras.

A casa estava cheia, mas o ar parecia mais denso.

Heitor se mantinha perto, sempre atento.

Ele observava cada detalhe: quem falava com quem, quem parecia fora do lugar.

— Eu não lembro de ter convidado aquela pessoa de máscara vermelha — Luna comentou baixinho.

— Também não lembro. Mas a essa altura, os convites se espalharam. Algumas presenças podem ter vindo… de forma espontânea.

— Ou podem ter sido convidadas por você — ela acusou, meio séria, meio brincando.

— Eu prometo, dessa vez não fui eu. Mas se for alguém que te incomoda, eu tiro da festa.
Ela sorriu.

— Relaxa, Heitor. Hoje é noite de máscaras. Um pouco de mistério é bem-vindo.

Enquanto a festa seguia, dançaram músicas sombrias, brindaram com champanhe e experimentaram todos os doces horríveis que Luna insistiu em servir.

Por volta da meia-noite, a Alexa soltou uma nova frase programada por Heitor:
— Atenção, senhores convidados. Em breve começará o jogo das máscaras. Fiquem atentos. Nem todos aqui são o que parecem ser.

Era parte da brincadeira.

Ou deveria ser.

Um leve arrepio percorreu a espinha de Luna.

Ela olhou em volta e, por um momento, achou que alguém a observava do topo da escada.

Uma figura de máscara vermelha, imóvel, quase fundida à sombra.

Quando ela chamou, a figura desapareceu.

Talvez fosse um dos atores. Talvez fosse apenas um convidado curioso. Talvez fosse nada.

— Você viu? — ela perguntou a Heitor.
— Vi quem?

— Tinha alguém ali… de máscara vermelha. Sumiu.

— Quer que eu verifique?

— Não. Vamos ver onde essa história nos leva.

Conforme a madrugada avançava, as luzes da casa começaram a falhar propositalmente, os sussurros aumentaram, e portas começaram a abrir e fechar sozinhas.

Era o caos cuidadosamente planejado.

— Está tudo sob controle? — Luna perguntou.

— Está. Mas a partir de agora… algumas coisas não são mais minhas — Heitor respondeu, enigmático.

— Como assim?

— Algumas surpresas… eu também não programei.

Ela encarou o marido, tentando entender se ele falava sério.

— Heitor, você está tentando me assustar?

— Eu estou tentando te divertir.

Mas talvez… alguém mais esteja tentando algo diferente.

Ela cruzou os braços.

— Você está de brincadeira.

— Estou? — ele respondeu, com um sorriso indecifrável.

Luna riu, mas sentiu um leve aperto no peito.

A festa seguiu com danças, encontros e mistérios.

O jogo das máscaras seria o ponto alto da noite.

Mas entre as sombras, aquela figura de máscara vermelha continuava aparecendo, sempre nos cantos, sempre fugidia.

E quando a Alexa sussurrou mais uma vez, parecia diferente.

Mais orgânico. Mais real.

— Cuidado. Nem toda máscara é segura. Nem todo convite foi seu.

Luna olhou para Heitor.

— Isso foi você, né?

— Dessa vez… juro que não.

O clima mudou.

As luzes piscaram mais forte.

A porta da biblioteca se abriu sozinha.

A festa estava só começando.

E Luna sentiu, no fundo, que algo muito além de Heitor e dos efeitos programados estava prestes a se revelar.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem