O Primeiro Halloween de Heitor e Luna: Capítulo 4 – O Baile Secreto

O jogo das máscaras terminou, mas o mistério ficou.

Os convidados começaram a deixar a casa, uns rindo, outros ainda comentando sobre o convidado de máscara vermelha que desapareceu sem ser identificado.

A Alexa havia voltado ao seu funcionamento normal, mas Luna sentia que algo… continuava fora de lugar.

Enquanto arrumava os últimos detalhes da sala, encontrou mais um envelope.

Desta vez, vermelho.

Sem remetente.

Sem marcas.

Dentro, um convite escrito à mão:

Sexta-feira. Meia-noite. O baile continua.
Só para convidados especiais.
Local: Armazém 43. Traga sua máscara.”

Ela leu e releu o bilhete, certa de que era mais uma brincadeira de Heitor.

Mas quando o confrontou, ele franziu o cenho, visivelmente incomodado.

— Eu não organizei nada além da nossa festa. Nunca ouvi falar de Armazém 43. Isso não é meu.

— Você tem certeza? — ela insistiu.

— Luna, dessa vez, eu juro. Isso não fui eu.

Ela arqueou as sobrancelhas, sem saber se acreditava ou não.

— Talvez seja um convite legítimo, Heitor. Talvez tenha sido alguém que adorou nossa festa e queira nos incluir numa… digamos, festa mais restrita.

— Ou talvez alguém queira te isolar — ele respondeu, com os olhos semicerrados. — Você não vai.

— Heitor…

— Você não vai. Pode me chamar de ciumento, controlador, ou o que quiser, mas você não vai.

— Por quê?

— Porque eu preciso saber o que está por trás disso antes. E se você for, eu vou com você.

Ela sorriu, divertida com a intensidade dele.

— Ah, então você também ficou curioso?

— Fiquei preocupado — ele corrigiu, sério.

Nos dias seguintes, Heitor fez de tudo para rastrear o tal Armazém 43.

Era um local abandonado na zona industrial da cidade.

Supostamente fechado há anos.

Mas algumas movimentações recentes chamaram a atenção.

Caminhões entrando e saindo, luzes acesas à noite, e vozes — vozes que não deveriam estar lá.

— Talvez seja só um grupo que faz festas clandestinas — Luna comentou, tentando aliviar o clima.

— Talvez seja algo que você deveria deixar para lá — ele insistiu.

Mas era tarde.

O fascínio do convite, o mistério da máscara vermelha e a adrenalina ainda correndo nas veias de Luna a empurravam para frente.

Ela queria ir.

Ela precisava ir.

E Heitor sabia que, no fundo, ele também precisava estar lá.

Na sexta-feira, eles se prepararam como se fossem para um baile de gala, mas com o toque sombrio que o Halloween exigia.

Luna escolheu um vestido preto com rendas vermelhas, delicadamente góticas, e a máscara dourada que havia usado na festa deles.

Heitor, mais sóbrio, vestiu um terno escuro e uma nova máscara prateada que cobria parte do rosto e projetava uma sombra que o deixava ainda mais enigmático.

— Está pronta? — ele perguntou.

— Sempre.

Chegaram ao local pouco antes da meia-noite.
O galpão estava silencioso, com uma única luz na entrada e um porteiro mascarado que os recebeu com um leve aceno.

— Convidados? — o homem perguntou.

Luna mostrou o envelope vermelho.

Ele fez sinal para que entrassem, sem dizer uma palavra.

Ao atravessarem o portão, encontraram um salão decorado de forma luxuosa e ao mesmo tempo decadente.

Cortinas pesadas, candelabros antigos, músicos tocando violinos, e dezenas de pessoas mascaradas circulando como se fossem parte de uma coreografia silenciosa.

O clima era diferente.

Não havia euforia.

Não havia vozes altas.

Era como se todos ali soubessem de algo que Luna e Heitor ainda não sabiam.

— Isso está começando a ficar estranho até para mim — Heitor murmurou, mantendo Luna perto de si.

— Talvez seja só o estilo da festa — ela respondeu, tentando manter o controle, mas o frio na barriga era real.

Um garçom mascarado se aproximou, oferecendo uma bandeja com duas taças de um líquido escuro.

— Quem enviou o convite? — Heitor perguntou.

O garçom apenas inclinou levemente a cabeça e se afastou.

Eles decidiram explorar o salão.

Os rostos estavam escondidos, mas os olhares… ah, os olhares atravessavam as máscaras.

Era como se todos soubessem exatamente quem Luna era.

Ela sentiu que estava sendo esperada.

Não como uma convidada.

Mas como parte do evento.

A música mudou.

O anfitrião da noite surgiu no alto de uma escada, usando uma máscara vermelha idêntica à figura que havia aparecido na festa deles.

— Boa noite aos convidados especiais.

Hoje, as máscaras não caem.

Hoje, as máscaras nos mostram quem realmente somos.

Heitor segurou a mão de Luna com mais força.

— Você tem certeza que quer continuar?

— Eu preciso — ela respondeu.

O anfitrião continuou:

— Esta noite não é sobre jogos.

É sobre verdades.

É sobre entender o que escondemos quando fingimos ser outras pessoas.

As portas se fecharam atrás deles.

O baile havia começado.

E Luna tinha a nítida sensação de que, desta vez, eles não estavam no controle de absolutamente nada.

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