O que começou como uma tentativa desesperada de salvar suas próprias peles havia se transformado em um labirinto sem saída. Henrique e Davi, que por um breve momento experimentaram o sabor da liberdade, agora se viam prisioneiros de um jogo muito maior, onde as regras eram ditadas por Vírus — um fantasma digital que, aos poucos, moldava o destino dos dois.
Os dias seguiam, mas a paz nunca veio. O que parecia um respiro se tornou um sufocamento silencioso. O alívio inicial se transformou em paranoia. Cada notificação no celular fazia seus corações acelerarem. Cada número desconhecido gerava calafrios. Estavam sempre em alerta, sempre à espera. E a ligação, é claro, veio.
Vírus não precisou se explicar. Quando o telefone tocou, apenas disse:
— Tenho um novo trabalho para vocês. Não é negociável.
Henrique, já resignado, apenas perguntou:
— O que precisa?
— Um celular. Está criptografado. A polícia não conseguiu quebrar. Eu quero vocês dois no campo, resolvendo o lado sujo para mim. — A voz de Vírus era calma, sem pressa, como se estivesse pedindo algo trivial. — O conteúdo desse celular… vai muito além do que vocês imaginam. Nomes grandes. Nomes que nunca podem aparecer.
Davi, ao ouvir isso, engoliu em seco. Pela primeira vez, percebeu que estavam sendo puxados para dentro de algo que talvez fosse grande demais até para eles.
Algo que não envolvia mais apenas salvar suas próprias peles, mas mexer com estruturas muito mais pesadas — estruturas capazes de esmagá-los sem deixar rastros.
Vírus estava no comando. E agora os usava como suas ferramentas.
Enquanto Santa Helena do Vale dormia, como sempre dormira, os três conspiradores começaram a arquitetar o próximo passo. Henrique e Davi, já conscientes de que suas escolhas os levaram para uma estrada da qual jamais poderiam voltar, aceitaram a nova missão como quem aceita uma sentença de morte adiada.
O celular em questão não era apenas um objeto. Dentro dele havia algo que poderia implodir alianças políticas, expor organizações criminosas, e desenterrar podridões que muitos acreditavam estar bem protegidas. O celular era a porta de entrada para um segredo que estava prestes a redesenhar o mapa do poder no Vale do Paraíba.
Eles não sabiam — ainda — que estavam cutucando um vespeiro muito mais perigoso do que qualquer investigação da qual já tinham fugido.
Naquela noite, a cidadezinha esquecida parecia pacífica. Mas nas sombras, uma trama muito maior estava prestes a emergir. E, desta vez, não haveria HD para apagar. Não haveria volta.
Porque certos segredos, uma vez revelados, queimam tudo ao redor. Inclusive quem os carrega.
Essa história, baseada em fatos reais de uma cidade escondida no fundo do Vale do Paraíba, é apenas o começo.
A segunda temporada promete levar os personagens a limites ainda mais extremos, onde a lealdade será testada, alianças serão quebradas e o preço por manter — ou destruir — um segredo pode ser fatal.
O jogo está apenas começando.
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Sombras do Vale