A noite já se recolhia quando Luna e Heitor voltaram para o hotel.
O evento havia sido um divisor de águas — não só para a carreira de Luna, mas também para a relação dos dois. As palavras trocadas naquela noite ainda ecoavam em seus pensamentos, mesmo enquanto caminhavam lado a lado pelas ruas iluminadas de Nova York.
Chegaram ao quarto em silêncio. Luna tirou os sapatos com alívio e se jogou na cama, encarando o teto como quem ainda estava absorvendo tudo.
— Foi bom, né? — ela disse, um sorriso suave no canto da boca.
— Foi. Você brilhou, Luna. Eles te amaram.
— Eu também amei. Mas… acho que tá na hora da gente voltar pra casa.
A frase parecia simples, mas caiu sobre Heitor com um peso inesperado.
— Já? Assim, direto?
— Sim. Eu já vivi o que precisava viver aqui. Eu quero a minha cama, meu espaço, minhas paredes. Quero o cheiro da nossa casa.
Heitor se sentou ao lado dela e, por um momento, ficou apenas olhando a cidade pela janela.
— E se a gente esticasse um pouco?
Podíamos dar uma passadinha na Flórida. Walt Disney World, Sea World, Universal Studios. Seria divertido, só nós dois.
Luna riu, achando graça da sugestão.
— Você querendo ir pra Disney? Jura?
— Eu gosto de viajar. Eu gosto de aviões. E seria bom ver você se divertindo sem se preocupar com nada.
Ela se sentou, cruzando as pernas na cama.
— Heitor, eu adoro a ideia de viajar com você, mas…
Acho que estou num ritmo diferente agora. Eu não quero multidão, fila, calor. Quero algo mais calmo, sabe?
Ele franziu a testa, curioso.
— O que você tem em mente?
— Eu ouvi falar de um pubzinho aqui mesmo, em Nova York. Um lugar onde é Natal o ano todo. Dizem que é mágico. Eu sempre quis ir lá, você sabe como eu amo o Natal.
Os olhos de Heitor se acenderam, um sorriso de quem já conhecia o destino que ela sonhava.
— Ah, o Rolf’s German Restaurant.
— Você conhece?
— Já fui lá uma vez, anos atrás. É incrível. É Natal o ano inteiro, Luna. Tem luzes pra todos os lados, guirlandas, bolas brilhantes, árvores gigantes. E a comida… é toda temática. Tem vinho quente, doces de canela, pratos típicos. Você vai amar.
Ela abriu um sorriso largo, empolgada como uma criança.
— Sério? Você já foi? Por que nunca me contou?
— Eu guardei pra um momento especial. Acho que agora é o momento certo.
— Você iria de novo comigo?
— Eu te levaria mil vezes, se fosse o que você quisesse.
Ela se aproximou, animada.
— Então amanhã? Podemos ir amanhã?
— Amanhã. Só nós dois, num Natal fora de época.
— Nada de Flórida?
— Hoje não.
Mas um dia, você me deve uma Disney — brincou, passando o dedo no queixo dela.
Ela riu, deitando a cabeça no peito dele.
— Eu te pago essa dívida com um parque inteiro, pode deixar.
— Combinado.
Ficaram ali, deitados, aproveitando a paz que a nova rota trouxe.
— Sabe, Heitor… — ela disse, quase num sussurro — obrigada por entender o que eu preciso. Por ouvir.
— Eu não sou bom nisso, mas eu tô aprendendo. Você me faz querer ser melhor.
Ela fechou os olhos, relaxada.
— Eu só quero você comigo. Mas andando ao meu lado, não na frente.
— Eu prometo tentar. Prometo mesmo.
O silêncio os abraçou.
E amanhã seria um novo capítulo, cheio de luzes, canções de Natal e cheiro de canela.
Uma viagem simples. Mas, talvez, a mais importante.